Em um momento onde as startups praticamente dominam o noticiário em relação à inovação, novos mercados e novos modelos de negócios, que posturas as empresas tradicionais devem adotar para se prepararem para a transformação digital?
Recentemente, a Thinkerest realizou uma pesquisa com o tema “Mercados Atuais e Futuros”. O universo abrangido pelo estudo são empresas que já estão no mercado há mais de 10 anos, e predominantemente de médio porte.
Em um momento onde as startups praticamente dominam o noticiário em relação à inovação, novos mercados e novos modelos de negócios, um dos nossos objetivos era entender e analisar como empresas mais tradicionais estão encarando, e se adequando, aos novos cenários e mudanças, tanto de mercado, quanto do consumidor.
Perguntadas sobre “Quais Soluções Visualizam no Curto Prazo”, em relação às mudanças pelas quais os mercados estão passando, as principais respostas foram (múltiplas alternativas):
- 60% – Ações com o portfólio de produtos
- 38% – Ações de redirecionamento da empresa para um novo mercado
- 30% – Ações de diversificação e de estratégia competitiva
Ou seja, a maioria das empresas sente necessidade de revisar produtos e adequá-los às exigências dos novos consumidores, como também enxergam a definição de novos mercados e que a abordagem estratégica deve ser significativamente alterada e melhorada.
Em nossa análise, e em posterior debate com algumas das empresas que participaram da pesquisa, está bastante claro que a questão não é a necessidade de se implementar as mudanças, condição já assumida como obrigatória, mas sim, em como efetuá-las.
Empresas Digitais
O caminho indicado pelas startups e também pelas grandes empresas multinacionais aponta claramente para a transformação digital como uma condição mandatória para que as empresas não só recuperem, mas também estabeleçam, vantagens competitivas tanto no presente, quanto no futuro de curto e médio prazos.
Praticamente todas as empresas participantes da pesquisa conhecem histórias de outras empresas com modelos disruptivos e, algumas delas, viram seus mercados mudarem profundamente nos últimos anos. Isso significa que as novas tecnologias e modelos de negócio mudaram, e vão continuar mudando, radicalmente o cenário empresarial.
Com base nisso, entendemos que não há mais espaço para que as empresas mais tradicionais, quaisquer que sejam seus portes, estejam exitantes. O conceito da indústria 4.0, com todas as profundas mudanças que carrega, está de forma clara atropelando quase todos os modelos com os quais as empresas atuaram até aqui.
Recentemente, também, pesquisa da Ernest Young determinou que mais da metade das empresas no mercado asiático está nos estágios iniciais de maturidade digital, e em uma rápida análise do mercado brasileiro, constatamos que nosso cenário é ainda mais tímido em relação a este ponto.
Empresas que adotam o comportamento de “esperar para ver” estão correndo riscos para continuar atuando de maneira competitiva e sustentada em seus mercados. Em contrapartida, apesar de algumas dificuldades iniciais, nunca foi tão grande a quantidade de alternativas e soluções que as empresas podem implementar de forma relativamente rápida.
As novas tecnologias digitais estão cada vez mais presentes, tanto no volume de ofertas, quanto em relação à facilidade de serem acessadas. Ou seja, as empresas tradicionais que efetivamente se movimentam em busca de mudanças estão descobrindo que existem várias alternativas para efetuá-las – a decisão estratégica de atuar faz com que possam obter resultados de forma mais rápida e expressiva.
Como Iniciar a Transformação Digital?
Com base na nossa pesquisa e na atuação junto aos nossos clientes, elencamos os itens que julgamos mais importantes para que as empresas se adequem e possam não só enfrentar os cenários atuais, mas também obter vantagens competitivas e sair fortalecidas em seus mercados.
1) Mentalidade Ágil: Condição Obrigatória para a Transformação Digital
O primeiro e mais importante aspecto que determina o sucesso de qualquer iniciativa passa pela liderança através de uma mentalidade ágil.
É uma mudança de postura, principalmente mental.
A transformação digital não é somente a adoção de uma ou algumas tecnologias, mas uma abordagem que deverá permear de forma contínua e sistemática o negócio como um todo.
Uma das lições mais claras que temos tido é que a volatilidade de mercados e consumidores é cada vez maior. Saber ler e interpretar esses movimentos deve ser uma competência que as empresas precisam adquirir ou melhorar, se já a tiverem.
Somente esse tipo de postura sustentará o crescimento da empresa no longo prazo, assim como irá permitir que identifique e desenvolva sistematicamente novos segmentos, produtos e mercados.
2) Atue para que as Lideranças do Negócio possam Efetivamente Apoiar a Transformação Digital
As lideranças sempre desempenharam um papel significativo em qualquer empresa, independentemente do seu porte. Ocorre que, em processos de transformação digital, deve haver uma mudança fundamental na mentalidade e no perfil delas.
Não cabe mais que tenhamos lideranças meramente burocráticas, ou com uma visão unicamente de cima para baixo. Pelo contrário, deverão ser adotadas posturas mais colaborativas, integradoras e inclusivas. Profissionais que saibam atuar com diferentes perfis, idades, mentalidades e características, e que fundamentalmente estejam engajados para contribuir nesse processo de mudanças.
Deve haver um trabalho intenso de reciclagem e adequação dessas lideranças na busca de uma maior participação e colaboração entre os membros das equipes – é praticamente impossível que um único líder saiba tudo e consiga conduzir todas as alterações, mudanças e acompanhe as variações de cenários.
Capacitar essas lideranças é um ponto crucial para que os aspectos da transformação digital possam ser adotados pela empresa. Infelizmente, o mercado de profissionais não proverá, no curto prazo, mão-de-obra plenamente habilitada para atender a essa realidade, portanto, essa capacitação deve fazer parte da estratégia da empresa.
3) Jornada do Cliente: a Experiência do Cliente como Foco Central da sua Estratégia
A cada dia, a experiência do cliente se torna mais importante na definição ou adequação de estratégias relacionadas a produtos, serviços e formas de disponibilização destes aos seus públicos. Não há como mudar esse fato e tendência.
Entender e buscar o engajamento do cliente com a empresa é uma questão fundamental a ser construída e desenvolvida. Decisões, mudanças e trocas são efetuadas de forma muito rápida atualmente. A fidelização à marcas, produtos e serviços está ainda mais volátil, e caso a empresa não entenda a jornada de seus clientes, corre o risco de criar gargalos ou dificuldades que poderão ser aproveitados rapidamente pela concorrência.
É muito importante que seja criada e monitorada, de forma sistemática, a Gestão Estratégica do Cliente, acompanhando as experiências ao longo de todo o ciclo de vida dos produtos e serviços e por toda a cadeia que envolve o processo de compra, da pesquisa ao pós-venda, incorporando e sistematizando o feedback do cliente em todas as etapas.
O correto acompanhamento do cliente permite, inclusive, que sejam elaboradas novas soluções frente às necessidades que forem identificadas, num processo contínuo de ampliação ou ajuste do mix de produtos e de alternativas e coordenação entre canais, visando ampliar a permanência dos clientes em sua carteira.
4) Mudança de Mentalidade: Aprenda e Adote Novas Formas de Pensar o Negócio
A maior parte das empresas tradicionais mantêm uma forma de operar e gerir o negócio que foi definida por seus fundadores, e essa condição, durante muito tempo, foi o elemento fundamental para que crescessem e ganhassem relevância, mercado e alcançassem sucesso.
A questão fundamental aqui é que, em um contexto de mercado onde é mandatório que as empresas sejam cada vez mais ágeis e dinâmicas, esse modelo muitas vezes se torna um torniquete que as impede de efetuar as mudanças necessárias e na velocidade adequada.
Para que posturas empresariais mais atualizadas sejam adotadas, é necessário que as principais lideranças empreendam uma mudança de mentalidade que envolve estarem abertas ao novo, para que, a partir daí, não só ampliem sua abordagem e leque de ações, mas também, que contaminem positivamente seus colaboradores, engajando todos no processo de mudança.
Técnicas como Design Thinking, Scrum e outros métodos ágeis, e conceitos como o Lean Startup, podem e devem ser avaliados, adaptados e incorporados aos negócios de acordo com as necessidades e estilo de cada empresa. Por exemplo, recomendamos que você dedique um tempo para avaliar a IDEO, empresa que, em grande parte, é a responsável por apresentar o Design Thinking para o mundo. Ela tem inúmeros casos, técnicas e ótimos resultados que podem estimular novas ideias e reflexões na sua empresa.
5) Use e Abuse do Benchmark e Inspire-se com as Empresas Digitais
Avaliar o uso de tecnologias e métodos de outras áreas ou segmentos pode ser bastante interessante.
As empresas tradicionais podem aprender bastante com as empresas de perfil digital, determinando quais mudanças tecnológicas são possíveis para a sua realidade e como acelerar sua implementação.
Olhar à sua volta observando o que está sendo feito em outros lugares, entendendo, escolhendo, e na sequência aplicando, é sempre uma boa maneira de começar. Isso garante um certo nível de sucesso com poucos riscos e faz com que suas equipes “aprendam o jogo”, acelerando a entrega de novos produtos e serviços.
Se houver oportunidade ou necessidade, avalie também a possibilidade de efetuar parcerias com empresas digitais para acelerar o preenchimento de lacunas.
Hoje, admiramos muito do que as nações e empresas asiáticas fazem, e uma das principais técnicas que eles utilizaram foi o benchmark, aperfeiçoando vários aspectos no seu processo de aprendizagem e desenvolvimento. Use, aprenda e acelere o processo de mudanças você também!
6) KPIs, Métricas, Dados e Informações – a Transformação Digital Permite Acompanhar Tudo
Um dos maiores problemas das empresas sempre foi a falta de dados confiáveis de mercados, segmentos, concorrentes, tendências e marketing.
A intensa digitalização dos dias atuais permite que seja desenvolvida uma sólida cultura orientada para os dados. A adoção desta cultura é, ao mesmo tempo, um objetivo e um enorme benefício, na medida em que a empresa consegue refinar e tomar decisões melhores baseadas nas informações geradas por estes dados.
Nesse contexto, a definição e implementação de KPIs (Key Performance Indicators) ou métricas relevantes, que estejam correlacionados estrategicamente aos objetivos da empresa e que efetivamente sejam utilizados para aprimorar o negócio, é fundamental.
Cabe salientar que a escolha das métricas é um fator decisivo. Gestores que não estejam familiarizados com estas práticas ou com pouco conhecimento do negócio tendem a escolher indicadores demais ou aqueles que pouco ou nada contribuem no processo de tomada de decisão. Dessa forma, a empresa e os colaboradores gastam energia e esforços em trabalhos e atividades que não resolvem problemas e não apontam soluções.
Lembre-se: KPIs e métricas são para aprimorar as operações do negócio, entender o funcionamento global e possibilitar que todos estejam alinhados com resultados e estratégias estabelecidos.
7) Sentido de Urgência – a Transformação Digital do seu Negócio é Agora
Qual o maior erro cometido quando pessoas e empresas querem efetuar mudanças?
De acordo com o professor Philip Kotler, de Harvard, que lançou o livro “Sentido de Urgência”, a resposta a essa pergunta, “é que não se cria um senso de urgência forte o suficiente, entre uma quantidade adequada de pessoas, para preparar o terreno de realização de um salto desafiador em alguma nova direção”.
É compreensível e esperado que as empresas patinem no início, mas ao não conseguirem “tração” em um primeiro momento, a maior parte abandona os objetivos iniciais e acaba tentando fazer derivações e adaptações que não levarão a lugar algum.
O sentido de urgência é outro fator fundamental para que se possa levar as empresas a um outro nível e estágio, uma vez que muitos modelos operacionais que foram úteis até ontem, hoje encontram dificuldades para se sustentar.
Não importa o porte da sua empresa atualmente, com a acelerada implementação de tecnologias e frequentes mudanças em modelos de negócios, se ela não se atualizar, correrá o risco de ficar às margens na estrada.
Esse é o caminho a ser seguido. Coloque em prática e, usando o senso de urgência, pense que a mudança para o seu negócio tem que começar já!
Um abraço e até o próximo artigo!
Cássio Morelli, Consultor Senior na Thinkerest Consultoria Empresarial
Sobre a Pesquisa Thinkerest: Mercados Atuais e Futuros
Realizamos uma pesquisa de caso com empresas de diferentes setores para conhecer como estão atuando, ou se preparando para atuar, nos Mercados Atuais e Futuros. Efetuada junto às principais lideranças, a pesquisa compõe um significativo painel dos problemas, necessidades e soluções, na visão destes empresários, sobre mercados, tecnologias, inovação, geração de valor e também sustentabilidade.
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