Mais do que inovação e adoção de novas tecnologias , a Indústria 4.0 requer das empresas um perfil planejador e estratégias bem definidas. O que sua empresa tem feito a respeito disso?
Apesar de cada vez mais ser falada e citada como a “quarta revolução industrial”, você entende o que é a Indústria 4.0 e por que a sua chegada transforma todo o contexto que vivemos em um mundo 4.0?
Nesse artigo, vamos discutir um pouco sobre isso e porque as empresas brasileiras estão enfrentando seu maior desafio em termos de concorrência e integração mundial.
O termo “Indústria 4.0” teve início na Alemanha, em empresas como Basf, Bosch e Mercedes Benz, entre outras, e rapidamente empresas no Japão, Estados Unidos, Inglaterra e China aderiram aos seus conceitos e métodos.
Basicamente, a indústria 4.0 combina várias tecnologias e inovações digitais revolucionando todo o conceito para as áreas de manufatura e processos nas empresas. As principais tecnologias combinadas são: Inteligência Artificial, Robótica, Computação em Nuvem, Big Data (processamento de grandes quantidades de dados e informações), Internet das Coisas (IOT – internet of things), Fabricação Digital, Impressão 3D, uma nova onda de SaaS (softwares e sistemas utilizados como serviços), Sensores de Última Geração e Machine Learning (máquinas e sistemas que aprendem).
Todas essas tecnologias atingiram alto grau de maturidade nos últimos anos e estão sendo combinadas com smartphones, tecnologias móveis, plataformas de compartilhamento, veículos autônomos em cadeias de valor, compartilhadas por várias empresas e também interoperáveis entre si, ou seja, um ambiente hiperconectado com mudanças e reflexos exponenciais, e cujos resultados estamos somente começando a ter uma pequena noção.
Além disso, novas técnicas de design, desenvolvimento de produtos, marketing, estratégia, gestão de pessoas e dinâmicas de trabalho vêm se reinventando para se ajustar a esse novo contexto.
E é exatamente aqui que entra a necessidade de pensarmos de uma forma mais ampliada, não só para termos uma compreensão maior desse universo, mas para efetivamente conseguirmos traçar caminhos e alternativas que façam sentido e tragam resultados positivos.
Novo Mundo, Novas Tecnologias
O entendimento desse contexto é crucial para que um país, como o Brasil, possa não só melhorar significativamente seu nível de competitividade, mas também, a médio e longo prazo, tornar-se um player relevante.
Para começar, temos que reconhecer alguns dos aspectos que permeiam a gestão brasileira:
- Ainda somos muito deficientes em “planejamento”. Frequentemente, digo que somos campeões de “fazejamento”. Vamos fazendo as coisas, mas sem definições conscientes do porquê estamos fazendo, e principalmente para onde estamos efetivamente caminhando. Muitas vezes, nos falta uma clara visão de futuro. Um enorme percentual de nossas empresas ainda vive de ações isoladas, que podem até dar algum resultado durante um período de tempo, mas que não contribuem para se construir uma empresa e negócio mais sustentáveis;
- Damos um crédito excessivo à criatividade e ao famoso “jeitinho” brasileiro. Sim, não ignoro que criatividade, flexibilidade e adaptabilidade são fundamentais para as empresas e seus profissionais, mas de forma geral, o nosso “jeitinho” aparece somente quando não damos a devida atenção a aspectos importantes, deixamos de executar ações previstas ou necessárias. Após negligenciarmos etapas fundamentais, ficamos à mercê de “milagreiros ou salvadores da pátria”. Apenas esquecemos que, para cada “jeitinho” que funcionou, outra centena não deu certo, determinando problemas, prejuízos e, até, falência e fechamento de empresas;
- No mundo todo, cerca de dois, a cada três profissionais não estão
preparados para entender e atuar de forma plena nesse novo contexto.
Infelizmente, no Brasil, essa realidade tende a ser um pouco pior, o que
determina que as empresas terão que tomar para si a tarefa de capacitar e
treinar as pessoas, para que possam atuar de forma consciente e competente. Não
fazê-lo, é entregar os destinos de muitos negócios à própria sorte.
Estratégia: a Tecnologia Fundamental
Como em todo contexto onde a história está sendo testada e construída, há uma série de oportunidades que podem ser aproveitadas. Apesar de, obviamente, todo o desenvolvimento tecnológico estar no centro dessa revolução, há um aspecto fundamental para o qual devemos atentar:
- A obtenção de vantagens competitivas sustentáveis depende, fundamentalmente, da identificação, seleção e implementação de estratégias que sejam assertivas, corretas e adequadas.
Nunca é demais lembrar que toda tecnologia, por mais inovadora que seja, sempre caminhará para uma “comoditização e obsolescência”, assim como as vantagens competitivas que as empresas venham a obter têm duração cada vez menor. Desta forma, saber interpretar cenários, adotar e substituir tecnologias de forma cada vez mais ágil deverão ser competências que as empresas terão que desenvolver.
Entender a inovação e a tecnologia é fundamental, porém, determinar uma estratégia sustentável é saber como aplicá-las e ampliá-las de forma sistêmica em aspectos como: eficiência, modelos de negócio, desenvolvimento de produtos, entrada e saída de mercados (que tende a se acirrar cada vez mais), ajustes constantes de processos e análise de oportunidades.
Se a estratégia corporativa estiver errada ou incoerente, não há inovação ou tecnologia que possa salvar o negócio. Todo processo de inovação e tecnologia somente tem sua validade atestada se for corretamente adotado e, também, se for adequado em sua utilização e eficiência ao público ao qual se destina.
Líderes, gestores, empresários e empreendedores brasileiros encontram-se em uma encruzilhada, onde o “toca-toca” e percepção embaçada do negócio não darão mais resultados minimamente aceitáveis. Não podemos mais nos dar ao luxo de ter uma visão “curta e linear”. O pensamento linear não irá nos ajudar nesse novo contexto totalmente interligado.
Entender quais serão os impactos das tecnologias, tendências e ameaças disruptivas em seu segmento é fundamental – não só para manter seu negócio no jogo – mas para aproveitar a oportunidade onde há um certo nivelamento, pois todos estão buscando respostas. Aqueles que forem mais assertivos, conseguirão obter reais vantagens competitivas.
Um abraço e até o próximo artigo!
Cássio Morelli, Consultor Sênior na Thinkerest Consultoria Empresarial
Thinkerest Consultoria Empresarial
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